A Dra. Monique L. Avozani é a responsável pelo Departamento de Oftalmopediatria e Estrabismo do Hospital da Visão.
A Oftalmopediatria é a especialidade dentro da oftalmologia que cuida das crianças.
O primeiro exame a ser realizado é o Teste do Olhinho ou Teste do Reflexo Vermelho (TRV). Este teste é indolor e diagnostica muitos problemas oculares, que podem ser tratados imediatamente após o nascimento, minimizando ou evitando a perda da visão. Ele deve, obrigatoriamente, ser feito dentro das primeiras 72h de vida do bebê, e geralmente, é realizado pelo pediatra, neonatologista ou oftalmopediatra antes da alta hospitalar após o nascimento e precisa ser repetido pelo pediatra em pelo menos 3 visitas durante o ano nas consultas de puericultura, nos primeiros 3 anos de vida do bebê. Qualquer anormalidade neste exame deve ser motivo de encaminhamento com urgência ao oftalmopediatra.
Entre 6 meses e 1 ano de vida do bebê o exame oftalmológico deve ser completo, incluindo a dilatação de pupila. Nesta fase, avaliam-se todos os aspectos da visão, desde a acuidade visual (Teste de Teller, fixação e seguimento de objetos próximos), desvio dos olhos (estrabismo), ametropias (grau de miopia, astigmatismo e/ou hipermetropia), alterações na córnea e cristalino e também anormalidades na retina.
O próximo exame completo deve ser realizado entre 3 e 5 anos de vida (idealmente aos 3 anos de vida).
Qualquer sinal e sintoma como lacrimejamento, olho vermelho, coceira ocular, secreção, desvio dos olhos após o quarto mês de vida (ou olho ‘vesguinho’), ‘piscadeira’, fixar objetos muito próximo dos olhos, são anormalidades e devem ser investigadas pelo oftalmopediatra.
Quanto antes os problemas são detectados na criança, maiores são as chances de tratamento.
ATENÇÃO:
Se o bebê apresenta algum destes achados citados abaixo, recomenda-se exame oftalmológico completo, de preferência em até um mês da identificação do risco, independentemente do resultado do Teste do Olhinho ou Teste do Reflexo Vermelho (TRV):
1. Anormalidades oculares aparentes: leucocoria (reflexo branco na pupila), ptose (pálpebra caída), nistagmo (movimento involuntário e repetitivo dos olhos) ou estrabismo (olho que desvia);
2. Prematuridade extrema (bebês com menos de 1.500 g ou 32 semanas de idade gestacional);
3. Exposição a doenças infecciosas transmissíveis verticalmente (durante a gestação): toxoplasmose, sífilis, citomegalovírus ou vírus Zika;
4. Doenças associadas a manifestações oculares: distúrbios metabólicos, artrite idiopática juvenil ou síndrome de Down;
5. História familiar de doenças oculares na infância: catarata, glaucoma ou retinoblastoma;
6. Suspeita clínica de déficit visual.
O Estrabismo é a perda do paralelismo ocular. Os problemas sensoriais que vem associados ao desvio dos olhos podem e devem ser tratados conjuntamente.
Ele pode aparecer a partir dos quatro meses de idade ou também podem se manifestar mais tardiamente na vida e pode ser corrigido com óculos, toxina botulínica ou cirurgia dependendo do tipo de desvio. É importante saber que o estrabismo nunca desaparece sozinho ou sem tratamento.
A cirurgia de estrabismo é realizada para a correção do olho que está desviado, na tentativa de posicioná-lo o mais próximo possível do alinhamento paralelo entre os olhos. O maior risco é não ficar tão perfeito como se deseja e pode ser necessário um retoque. É uma possibilidade que ocorre em aproximadamente 30% dos casos. A internação hospitalar é de poucas horas e a recuperação é relativamente rápida. Os olhos ficam vermelhos por alguns dias e há sensação de areia. Outro fato que amedronta os pais é a anestesia geral. Aqui no HV contamos com uma equipe de anestesistas muito confiável, eficiente e experiente. Assim, reduzimos os riscos anestésicos ao menor patamar possível.